Entre a esperança e a confiança: nunca quebrar

Sou da opinião que a convivência e a integração do marketing com a comunicação é saudável e necessário. É-o desde que não se atropelem uma à outra. A partir do momento em que se confundem os limites de atuação das duas, algo vai mal.

Exemplo disso, e mais que badalado nestes últimos dias, é a campanha de marteking da Cacharel.

Não vou analisar estratégias. Não conheço os objetivos da campanha. Quanto a mim o erro crasso desta estratégia de marketing foi na sua operacionalização: deixar que a comunicação extravasasse para os meios de comunicação social sem que a marca  recusasse, nos bastidores,  que o jovem escolhido para esta campanha falasse com os jornalistas.

Num período conturbado em que vivemos, em que a vontade de boas notícias impera, a esperança dos portugueses vibrou por uma simples história de amor. E, num período conturbado em que vivemos, muitos destes portugueses que vibraram com uma simples história de amor, sentiram-se enganados. Qual a reputação da Cacharel neste momento? Como está a ser visto o lançamento do Catch Me, o novo produto visado nesta campanha? A expetativa de vendas responderá a estas questões.

Na minha opinião, grave é também a visão que os jornalistas terão das agências de comunicação. Se já eram duas profissões em que o conflito de interesses é constantemente apontado, em que se usa o argumento de que a informação difundida e trabalhada é realizada para “beneficiar” e “condicionar” perspetivas, em que há (e isto tem de ser dito) ainda muita desconfiança pelo trabalho que é feito pelos consultores de comunicação… Como (res)suscitar a credibilidade das Public Relations junto dos profissionais dos media?

O futuro… não pode ser triste.

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